e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14)
+ João Braz de Aviz
Arcebispo Metropolitano de Brasília
Dentro de poucos dias o Senhor nos concederá o dom de celebrar com profunda fé o santo mistério do Natal de nosso senhor Jesus Cristo. São várias as profecias que se referem a esse acontecimento, pronunciadas séculos antes, na Sagrada Escritura. Entre elas encontramos a do profeta Isaías, citada acima.
O evangelista São Mateus encontra aqui em Isaías 7,14 o anúncio da concepção virginal de Cristo: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco” (Mt 1,23). Mateus coloca estas palavras na boca do anjo do Senhor que veio para dissuadir José, a quem Maria estava prometida em casamento, de abandoná-la, pois Maria tinha ficado grávida pela ação do Espírito Santo, antes de viverem juntos (cf Mt 1,18-19).
O Natal nos torna presente aquele acontecimento narrado com tanta luz pelo prólogo da Carta aos Hebreus: “Muitas vezes e de modos diversos falou Deus outrora aos pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio de seu Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e pelo qual fez os séculos. É ele o resplendor de sua glória e a expressão de seu Ser; sustenta o universo com o poder de sua palavra; e depois de ter realizado a purificação dos pecados, sentou-se nas alturas à direita da Majestade, tão superior aos anjos quanto o nome que herdou excede o deles” (Hebr 1,1-4).
Escrevendo aos cristãos de Roma o apóstolo Paulo fala de sua vocação como escolhido para o Evangelho de Deus por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Esta é a autoridade com a qual Paulo age, consciente de que foi chamado para “trazer à obediência da fé todos os povos pagãos, para a glória de seu nome” . Entre eles Paulo fala dos romanos, que também foram chamados a serem discípulos de Jesus Cristo (cf Rm 1,1-7; aqui 1,5).
O Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo é um fato histórico, documentado antes, durante e depois de sua realização. Só atingimos, porém, sua grandeza através da luz suave e poderosa da fé. O que estamos para celebrar como discípulos de Jesus não é apenas algo do passado, que conservamos fielmente em nossa tradição. Trata-se do acontecimento que marcou para sempre a presença de Deus-Amor feito homem no meio de nós. Agora, e por todo o tempo que nos resta, até sua segunda vinda, a última, Ele permanece conosco na sua Palavra, na Santa Eucaristia e no meio da comunidade dos discípulos, conforme Ele mesmo prometeu: “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt 18,20).
Não façamos como boa parte da cultura atual já fez, cancelando a presença de Jesus Cristo de sua própria festa de nascimento! Tomemos neste Natal a decisão firme de fazer como Paulo, isto é, anunciar Jesus Cristo pela nossa vida e pelas nossas palavras!
Feliz e Santo Natal para todos os irmãos e irmãs da nossa amada Arquidiocese de Brasília!
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